segunda-feira, 24 de março de 2008

Dietas, Passado, Presente e Futuro


Dieta é, uma palavra actualmente conotada com um estilo de alimentação condicionada, mas esse não é o seu verdadeiro significado. A palavra dieta refere-se a um regime alimentar adequado às necessidades específicas de cada pessoa. No entender de Lima Reis (2005), "dieta é e será sempre o acróstico do poema sintético sobre bem comer em toda a mesa, ou uma mnemónica destinada a lembrar-nos que, em sentido lato, a nutrição correcta deve incluir equilibradamente todos os alimentos embora possa obrigar a judiciosas modificações sempre que as circunstâncias o imponham".

Segundo Coulston et all (2001), considera-se razoável que uma dieta equilibrada seja constituida por uma porção entre 10% a 20% de proteínas, sendo que, a inclusão mais frequente de peixe como fonte das mesmas é desejável, devido ao papel dos ácidos gordos Ómega 3 na prevenção das doenças cardio-vasculares. Os lípidos devem participar em 30% ou menos da ração energética, particularizando que os ácidos gordos saturados aumentam a resistência à insulina. Os glícidos por sua vez, devem preencher 50% a 60% do valor energético diário, aconselhando-se que devem ser na sua maioria de natureza complexa.

O exame das orientações actuais sobre o regime alimentar mais adequado à nossa saúde e algumas das justificações para as sucessivas tomadas de posição que os investigadores nesta área assumem, demonstram que o risco acrescido de morrer, ou de contrair doenças devido à má alimentação, sobrepõem-se à alimentação despreocupada. Podemos então dizer que estamos na era da "nutriprevenção" calculista, ou seja, calcula-se o que se come, o que se vive a mais ou a menos comendo disto ou daquilo e calcula-se do que se morre ou não morre pela mesma via. Os investigadores situam-se cada vez mais na procura de espécies capazes de efeitos curativos e pesquisam compostos vegetais biológicamente activos a que chamam fitoquímicos, fitoesteróis, etc.

Perante esta evolução, profetiza-se que a dieta se vai orientar progressivamente para a profilaxia e tratamento de doenças hipotéticas e se transformará numa preocupação do nosso dia a dia. Os alimentos passaram a ser classificados em três grupos: excipientes, funcionais e terapêuticos. A indústria alimentar vai continuar a confeccionar misturas de valor acrescentado, em nome da saúde interna. Médicos e Nutricionistas situam-se cada vez mais na corrente da ortorexia. Comer pode tornar-se um fastidioso exercício onde se instalará o medo generalizado dos consumidores. Felizmente, "como na prancha final das aventuras de Astérix, haverá sempre um bando de passadistas irredutíveis que, depois de amordaçar e agrilhoar os trovadores da ementa higiénica, se reunirão em redor de uma mesa farta para confratenizar êxitos e alegrias", Lima Reis (2005).

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